Neiva Ester
Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo. Filipenses 3:13, 14

Durante grande parte da Idade Média, a Espanha foi a senhora dos mares. Por possuir vastas terras em colônias nas duas costas do mediterrâneo, ela julgou que não havia mais nada para ser conquistado. Tal mentalidade foi imortalizada em moedas espanholas do período. Numa das faces, foi cunhada a imagem das Colunas de Hércules, na extremidade oriental do Estreito de Gibraltar, que segundo a mitologia fora construída pelo próprio Hércules, o herói grego. Ao redor da figura das colunas, estava a inscrição latina Nec Plus Ultra, significando literalmente "não mais além".
Aquelas colunas fixavam não apenas o limite geográfico além do qual nada mais se esperava descobrir, mas determinavam também uma disposição mental de acomodação ao que já fora realizado. Com o tempo, Colombo e outros exploradores surgiram, dominados pela paixão de descobrir o que deveria haver além das Colunas de Hércules. Com grandes riscos, eles partiram para singrar "mares nunca dantes navegados". O resultado é história. Encontraram novas fronteiras, novos mundos, novos continentes, novas civilizações. Convencida de seu engano, a Espanha emitiu novas moedas. Nestas permaneceram as Colunas de Hércules, mas mudou-se a inscrição para Plus Ultra, "mais além".
"Mais além" representa um estado de espírito, de busca permanente, de insatisfação com nossas realizações. Representa o desejo de perseguir novos horizontes, de expandir limites, de superar antigas expectativas consagradas pelo uso, mas, por outro lado, desatualizadas pela mão ferruginosa do tempo e das circunstâncias. Plus Ultra representa, sobretudo, uma marca de Deus no ser humano. Um aspecto indomável do espírito humano em suas tentativas de superar-se, de estabelecer novos "recordes", na busca da excelência e do aprimoramento. Evidentemente, não precisaríamos mudar nada se o mundo, as circunstâncias e nós próprios não mudássemos. As mudanças constantes ao redor e em nós impõem a necessidade de novos experimentos, novos horizontes, novas estratégias, que melhor se ajustem às mudanças.
Devemos lembrar-nos de que, na vida, as fronteiras reais não são definidas pelos pontos cardeais, leste ou oeste, norte ou sul. Elas estão onde quer que nos deparemos com um novo desafio. Deus o convida a enfrentar o novo ano a partir dessa perspectiva.

Fonte: Meditações Diárias: encontros com Deus/ Amin A. Rodor -2014, p. 7.

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