Apesar de ser professora de Língua Portuguesa, este artigo escrito por Isabel Cristina da Silva Machado Bordin* tratando da aprendizagem de Matemática também pode ser uma prática nas linguagens.
Desde que nascem os sujeitos dialogam com seu ambiente de
forma que se introduzem numa busca de compreensão do mesmo e das respostas
possíveis que este pode lhe dar. Aprendem sobre movimentos, sobre relação com
as pessoas e com os objetos, aprendem sobre suas próprias sensações e encontram
formas de corresponder as suas necessidades sejam físicas ou emocionais.
As crianças pequenas tocam, desmontam, olham objetos por
todos os lados, buscam encontrar a utilidade para estes objetos, atribuem
funcionalidade a partir das características, jogam ao chão e desta sua ação
passam a perceber que o objeto faz barulho, se desmonta, volta para sua mão,
chama a atenção de outras pessoas.
Todo esse processo de reconhecer, através do que Piaget
chamou de abstração empírica, começa desde muito cedo e permite aos sujeitos um
conjunto de dados que são fundamentais para as relações que estabelecerá com
outros objetos.
O processo descrito em nada supõe a memorização e a
mecanização de procedimentos controláveis e sim a oportunidade que cada um
possui de experimentar, conhecer e manipular objetos possibilitando a ação de
estabelecer relações das mais variadas.
O papel do docente não se reserva a informar as
conclusões que outros sujeitos obtiveram em resposta a suas perguntas e sim
promover situações que induzam os alunos a encontrarem soluções práticas a
partir de problemas. Ainda, precisa dar vazão a curiosidade infantil e indicar
outras tantas questões.
À escola e aos professores cabe o papel de garantir que
as crianças vivenciem, experimentem, questionem-se, busquem elementos e
generalizem como forma de construir conhecimentos.
Esta colocação parece óbvia e está presente em muitos
discursos, mas as práticas efetivadas nas salas de aula continuam se
organizando como apresentação do produto, do fato, do fenômeno.
Algumas crianças podem dominar alguns destes
conhecimentos e outros não, por isso que ao não conseguir concluir uma tarefa
ou chegar numa resposta, é necessário que o professor investigue a ponto de
identificar qual o conhecimento que lhe falta e então organizar situações que
permitam ao aluno tal construção.
Além de promover as situações desafiadoras, permitir que
as crianças se questionem e respondam com uma iniciativa investigativa ao serem
questionadas, os professores precisam auxiliá-las no sentido de expressar seu
pensamento, ou seja, chegarem a níveis de compreensão das relações que
estabelecem a ponto de conseguirem explicar os procedimentos, suas conclusões.
Entende-se assim que o pensamento lógico não se dá como
apropriação de dados e técnicas para encontrá-los, é preciso redefinir as
propostas educativas que partem deste preceito. O caminho é avaliar as
atividades que temos como naturalizadas no âmbito escolar questionando-nos
sobre a viabilidade das mesmas para o desenvolvimento do pensamento lógico.
O sucesso dos alunos em determinadas áreas se mede pela
forma como conseguem, ao longo de sua trajetória, responder a novos
questionamentos e não como conseguem obter respostas iguais a problemas sempre
iguais.
O educador deve encorajar as crianças a pensarem sobre
número e quantidades de objetos em situações que sejam significativas para
elas, ou seja, as crianças devem pensar sobre quantidade sempre que sentirem
necessidade e interesse.
Durante a rotina cotidiana, a professora pode transferir
algumas responsabilidades para as crianças, por exemplo:
·
A distribuição dos materiais;
·
A divisão de objetos;
·
A coleta de coisas;
·
A manutenção de quadro de registros;
·
Arrumação da sala;
·
Votação
·
Jogos em grupo.
Uma
criança ativa e curiosa não aprende matemática memorizando, repetindo e exercitando, mas resolvendo situações-problema, enfrentando obstáculos
cognitivos e utilizando os conhecimentos que sejam frutos de sua inserção
familiar e social.
Referências bibliográficas
SILVA,
Rogéria Novo Silva. Pensamento lógico e expressões formais da lógica.
* Isabel Bordin é acadêmica do curso de licenciatura em Pedagogia a distância -T4, pela Universidade Federal de Pelotas, Polo UAB de São João do Polêsine.
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